Impunidade e destruição: 2 anos do crime da Vale em Brumadinho

Em artigo publicado na Revista Fórum, Sâmia Bomfim relembrou a dor e sofrimento das famílias atingidas pela barragem e a impunidade da Vale

26 jan 2021, 10:38 Tempo de leitura: 2 minutos, 8 segundos
Impunidade e destruição: 2 anos do crime da Vale em Brumadinho

Neste dia que se completam 2 anos do rompimento da barragem de Brumadinho a deputada federal, Sâmia Bomfim, escreveu um artigo exclusivo para o portal da Fórum.

A deputada do PSOL/SP, que esteve presente na região atingida pelo rompimento da barragem, falou sobre os momentos que acompanhou. “Estive em Brumadinho assim que o crime aconteceu, testemunhei a dor de pessoas devastadas e é uma tortura lembrar daquelas cenas. É difícil imaginar que muitos moradores da região ainda sofrem sérias consequências e, todos os dias, tentam recomeçar suas vidas”, escreveu.

Em fevereiro de 2019, o mandato representado por Sâmia Bomfim, apresentou uma denúncia formal ao Ministério Público Federal, acerca do episódio de Brumadinho exigindo investigação criminal do caso. Mas as respostas apresentadas são insuficientes e o Brasil acompanha mais um ano de descaso e falta de punição dos responsáveis pelo crime ambiental.

“Devemos continuar atentos aos desdobramentos deste crime ambiental e humanitário. Devemos continuar cobrando a punição da Vale. É preciso lembrar sempre, para que não esqueçam jamais dessa barbárie”, lembrou Sâmia no artigo.

Quatro cidades do entorno de Brumadinho ainda sofrem as graves consequências deste crime ambiental e a população dessas regiões ainda tentam se reerguer. No Córrego do Feijão, comunidade que dá nome à mina da Vale onde ocorreu o rompimento, quem quer continuar no local diz que tem medo do esvaziamento do distrito.
De acordo com um relatório feito pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), contratada como assessoria técnica independente, por determinação da Justiça, 62,51% dos atingidos não exercem nenhum tipo de atividade remunerada em Betim, Juatuba, Mário Campos e São Joaquim de Bicas.

Ainda segundo o relatório, menos de 40% das famílias atingidas têm regularidade no abastecimento de água. Desde a suspensão do uso da água do Paraopeba, o relato dos moradores é de que falta água até para beber.

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) constatou que o Rio Paraopeba, no trecho entre Brumadinho e Pompéu, está impróprio para consumo e agricultura. Desde então, por determinação da Justiça,o abastecimento e a distribuição de água potável têm sido responsabilidade da Vale.

Porém, de acordo com relatório da Aedas, 12% dos atingidos de São Joaquim de Bicas, 11% dos de Betim, 7% dos de Mário Campos e 6% dos de Juatuba disseram que não têm água para beber.