PSOL na Câmara representa contra presidente da Funai e delegado da PF por abuso de autoridade e improbidade administrativa na intimação a Sonia Guajajara

Sâmia Bomfim declarou que a líder indígena não está só nesta luta

5 maio 2021, 10:55 Tempo de leitura: 2 minutos, 4 segundos
PSOL na Câmara representa contra presidente da Funai e delegado da PF por abuso de autoridade e improbidade administrativa na intimação a Sonia Guajajara

A bancada do PSOL protocolou na manhã desta terça-feira (04.05) uma representação junto à Procuradoria da República no Distrito Federal contra o presidente da Funai e delegado da PF, Marcelo Xavier, e contra o também delegado da PF Francisco Vicente Badenes Junior. O motivo foi a intimação feita à líder indígena Sonia Guajajara, acusada de difamar o governo federal com a websérie “Maracá”, lançada em 2020 e que denunciou violações de direitos cometidas contra os povos indígenas no contexto da pandemia da Covid-19.

Na representação, o PSOL pede à Procuradoria que apure prática de crime de abuso de autoridade e de improbidade administrativa e demonstra, num documento extenso e detalhado, que a disposição do presidente Funai contra direitos dos povos indígenas vem de antes de sua nomeação para titular do órgão, citando outros episódios.

Depois da provocação da Funai, Guajajara foi intimada pela Polícia Federal em 30 de abril. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da qual Guajajara é uma das coordenadoras executivas, a Conectas e a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas também denunciaram a acusação como perseguição política e racista.

“É inaceitável a intimação de Sônia Guajajara pela Polícia Federal. O governo quer intimidar opositores e sabotar a democracia, mas cada ativista e militante conta com o apoio de outros milhares que lutam contra o genocida e em defesa dos nossos direitos”, declarou a deputada Sâmia Bomfim, do PSOL/SP.

Um dia após (01.05) a intimação de Sonia Guajajara, outra liderança da Apib, Almir Suruí, foi intimada a prestar depoimento em um inquérito aberto em razão de divulgações na internet que, segundo a Funai, propaga “mentiras” contra o governo”. O inquérito investiga notícia crime de difamação, supostamente praticada contra a Funai, por integrantes da associação Metareilá do povo indígena Suruí, representada por Almir.

Formada em Letras e em Enfermagem, especialista em Educação Especial pela Universidade Estadual do Maranhão, Sonia Guajajara já foi ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), levando denúncias às Conferências

Mundiais do Clima (COP) e ao Parlamento Europeu. Ela também foi candidata à Vice-Presidência da República na chapa do PSOL em 2018, sendo a primeira candidata de origem indígena numa eleição presidencial no Brasil.