PSOL quer convocar ministro de Relações Exteriores após Itamaraty impor sigilo sobre viagem de Bolsonaro à Rússia

A bancada do PSOL na Câmara enviou ofício com perguntas sobre os temas tratados durante visita a Moscou e o motivo de Carlos Bolsonaro ter participado da comitiva presidencial. No entanto, em resposta ao questionário encaminhado pelos parlamentares, o Itamaraty informou na terça-feira (19/4) que esses dados se manterão em sigilo até 2027

20 abr 2022, 12:19 Tempo de leitura: 1 minuto, 54 segundos
PSOL quer convocar ministro de Relações Exteriores após Itamaraty impor sigilo sobre viagem de Bolsonaro à Rússia

Os deputados do PSOL agora protocolaram pedido para que o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, seja convocado à Câmara para prestar esclarecimentos sobre o sigilo imposto sobre documentos a respeito da viagem.

No documento enviado em fevereiro, o PSOL pede, entre 15 questionamentos, para a pasta “encaminhar cópia de relatório da viagem, com descrição detalhada dos atos praticados pelo governo federal na Rússia, tais como os compromissos assumidos e os temas tratados com o presidente Vladimir Putin, autoridades do governo russo e empresários”, além de “disponibilizar atas das reuniões, documentos e informações relacionadas a acordos e compromissos assumidos, e demais documentos pertinentes”.

O Itamaraty enviou o texto de um comunicado oficial sobre o encontro, além de um protocolo assinado entre os governos dos dois países. Mas negou-se a apresentar o telegrama no qual consta o registro da visita de Bolsonaro produzido pela Embaixada do Brasil em Moscou.

Os gastos com a viagem foram respondidos: as diárias custaram US$ 96.850,27 (cerca de R$ 453 mil) e o aluguel de veículos, US$ 125.328 (cerca de R$ 588 mil). Despesas com intérpretes somaram US$ 9.645 (R$ 45 mil), escritório e material de apoio foram US$ 12.595 (R$ 58 mil); US$ 890 (R$ 4.150) foram usados com cerimonial. A hospedagem de Bolsonaro ficou a cargo do governo russo.

As perguntas sobre o que foi fazer o vereador do Rio e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, em Moscou e Budapeste em reuniões presidenciais e ministeriais em plena semana de trabalho na Câmara Municipal, foram respondidas apenas com “a designação da comitiva é da competência da Presidência da República”.

Para os deputados do PSOL há evidente seletividade nos telegramas e documentos enviados, podendo o ministro incorrer em crime de responsabilidade: “Urge que este Parlamento tenha explicações detalhadas do ministro Carlos França sobre ambas as comitivas, os temas ali tratados e as razões da reserva imposta aos telegramas diplomáticos solicitados”, dizem no requerimento.

“Outro fato que precisa ser esclarecido, com urgência, é o objetivo da presença do vereador Carlos Bolsonaro nesta comitiva. Qual foi a missão, com quem esteve e qual foi a agenda do vereador carioca? É fundamental que o Ministro esclareça tais questões”, ressalta ainda o texto do requerimento.