“Emancipa Axé” promove educação popular com foco na luta antirracista e resistência dos povos de terreiro

Lançamento da Rede Emancipa teve a presença da deputada federal Sâmia Bomfim, da estadual Monica Seixas e a vereadora Luana Alves, todas do PSOL-SP.

3 maio 2023, 23:31 Tempo de leitura: 2 minutos, 46 segundos
“Emancipa Axé” promove educação popular com foco na luta antirracista e resistência dos povos de terreiro

Fonte: Levi Munhoz/ASCOM-Sâmia

Foi lançado na última sexta (28) o “Emancipa Axé”, plataforma da Rede Emancipa para resgatar a ancestralidade e promover as culturas afro-brasileira e indígena no contexto de formação dos cursinhos populares, em articulação com as comunidades, para o enfrentamento à intolerância e racismo religioso. A deputada federal Sâmia Bomfim e outras parlamentares do PSOL-SP estiveram no terreiro Pai João de Angola, no Ipiranga, que sediou a atividade.

“Conheço a Rede Emancipa há cerca de 12 anos e fico feliz de ver os passos que o movimento vem tomando, dando vez e voz para a realidade do nosso povo, sendo um instrumento de luta e resistência, de transformação social, ressignificando a educação popular, revivendo Paulo Freire e conseguindo organizar o que há de melhor no nosso povo”, destacou a deputada para mais de 250 pessoas que comparecerem ao evento.

O Emancipa é um movimento que defende a verdadeira democratização do ensino superior, organizando cursinhos pré-universitários totalmente gratuitos e sem nenhum tipo de processo seletivo, direcionados a alunos da escola pública e periferias. De acordo com o educador Lucas Castro, coordenador paulista da rede, a ação surgiu para atender a necessidade de se ter um espaço de diálogo entre os estudantes e pessoas de diversas religiões de matriz africana.

“Após um diálogo com povos de terreiro e candomblé, percebemos que vem aumentando os casos de intolerância religiosa, especialmente no estado de São Paulo. Nós entendemos a importância de ter um espaço que a gente consiga conversar com essas pessoas e fazer a defesa dos cultos e das religiões, mas também promover essa cultura para que a gente consiga ter uma sociedade diversa e com respeito a partir das diferenças”, explicou Lucas.

De acordo com os organizadores, o ano 2022 marcou o crescimento de 106% das denúncias relacionadas à intolerância religiosa no Brasil, sendo São Paulo o estado recordista. No ambiente virtual, esses crimes subiram 522%, segundo dados da ONG SaferNet.

Para Sâmia, não há outra saída que não seja o rompimento dessa “lógica de exploração e depredação”. “O que está em risco são vidas humanas, o meio ambiente e a possibilidade de convivência minimamente pacífica e diversa. Então, não há outra saída que não a luta social e a ruptura com esse modelo”.

Entre as reivindicações do “Emancipa Axé” também está a aplicação da leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar, além da extensão dessa política às universidades e demais espaços de formação. “Uma educação que não reflita a nossa cultura não nos serve. A educação que queremos, além de popular, precisa ser ancestral, pois não se trata de religiosidade ou do que se acredita, mas da história que cada terreiro carrega do nosso povo”, comentou Lucas.

Ao fim, o coordenador da Rede Emancipa comemorou: “Saímos dessa atividade ainda mais gigantes e com uma tarefa enorme de mapear ainda mais terreiros e fazer disso uma ferramenta que mobilize o povo de axé para enfrentar as injustiças e os preconceitos”.