Professor da Unesp acusado por alunas de assédio sexual é demitido da universidade

Após encontro de Sâmia com as vítimas, deputada oficiou diretoria da instituição para exigir providências

18 jan 2024, 19:29 Tempo de leitura: 2 minutos, 44 segundos
Professor da Unesp acusado por alunas de assédio sexual é demitido da universidade

Fonte: Reprodução

Marcelo Magalhães Bulhões, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) investigado desde 2022 por acusações de assédio sexual contra alunas, foi demitido da instituição. O desligamento está publicado no Diário Oficial do Estado desta quinta (18). Na ocasião das denúncias, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) esteve com as vítimas no campus de Bauru e oficiou a direção da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) – em que o docente era vinculado – exigindo providências.

De acordo com um comunicado assinado pela reitoria da Unesp, Bulhões descumpriu duas das obrigações que competem aos servidores e que estão presentes no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado (Lei Estadual 10.261/1968): “estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções” (inciso XIII); e “proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função pública” (inciso XIV).

Em nota, a Unesp confirmou a demissão e afirmou que o professor teve direito à ampla defesa durante o processo. “A decisão foi baseada na recomendação fornecida pela comissão processante no final do Processo Administrativo Disciplinar, no qual o docente teve amplo direito à defesa. O processo seguiu todos os trâmites legais previstos nas normas da universidade”, aponta o texto.

No início das mobilizações promovidas para denunciar a série de abusos, Sâmia esteve no campus da Unesp em Bauru, acolheu as demandas das estudantes e declarou apoio às vítimas. Entre as medidas encaminhadas pela parlamentar está um ofício endereçado à diretora da FAAC, Fernanda Henriques, pedindo providências “com imediato afastamento do professor das atividades docentes e instauração de processo administrativo”. “A universidade deve ser um ambiente acolhedor para as mulheres, atuando pela garantia da permanência estudantil e combatendo qualquer forma de violência machista na instituição”, completou a deputada no documento.

Agora, por meio de suas redes, Sâmia comemorou a decisão: “Abaixo o assédio! A coragem das alunas deu um basta a essa situação inadmissível. A luta das mulheres muda o mundo!”

Não foi a primeira vez

Livre docente de Literatura, Bulhões foi alvo de uma investigação interna aberta pela Unesp em julho de 2022, depois que alunas da instituição o acusaram de assédio sexual. Segundo as vítimas, o professor teria o hábito de enviar mensagens de cunho libidinoso via aplicativo de mensagens e e-mails.

Em protesto, as estudantes afixaram cartazes no campus expondo prints com o conteúdo impróprio dessas conversas. A Unesp decidiu afastar o profissional por 180 dias de forma preliminar, enquanto as investigações estivessem em curso. Na época, a instituição disse que não tolerava “toda e qualquer prática de assédio”.

Mas a sindicância de 2022 não foi a primeira aberta contra o professor que, segundo as acusações, praticava tais atos contra as alunas desde 2014. Em 2017, a FAAC já tinha aberto um processo para apurar se uma acusação de assédio sexual contra Marcelo era verdadeira. Em 2018, de acordo com a universidade, as investigações não encontraram provas contra o docente e o processo foi arquivado.