“Antídoto” para o autismo é vendido livremente na internet. Cadê a ANVISA?
Solução à base de dióxido de cloro é vendida como terapia caseira antiautismo; Sâmia Bomfim exige explicações da ANVISA.
15 abr 2019, 22:29 Tempo de leitura: 2 minutos, 28 segundosCircula nas redes sociais e em fóruns da internet a mentira de que uma substância à base de dióxido de cloro cura autismo. Isso por si só já é um absurdo, mas há um agravante: é muito fácil comprar a substância pela internet.
Conhecido nas redes sociais como MMS – sigla em inglês para solução mineral milagrosa, o produto ganhou fama após Jim Humble, que afirma ser um alienígena da galáxia de Andrômeda, escrever um livro para elencar os poderes de cura da substância para o autismo e outras condições/doenças como Alzheimer, hipotireoidismo, hemorroidas, hepatite, HIV / AIDS entre outros.
Só que não há nenhuma base científica nisso, muito pelo contrário. De acordo com a Food Standards Agency do Reino Unido, o MMS é uma solução composta por 28% de hipoclorito de sódio, quantidade equivalente à utilizada em desinfetantes.
O MMS é proibido no Canadá, e a comercialização dele, aqui no Brasil, é proibida desde junho de 2018, mas a determinação não está sendo cumprida. É por isso que a deputada Sâmia Bomfim exigiu explicações à ANVISA. Não é possível que o órgão falhe tanto em fiscalizar a compra e venda desse item.
Para ter uma ideia da gravidade: muita gente – sobretudo famílias desesperadas que acabaram de receber o diagnóstico de autismo de uma criança – tem comprado o MMS para ingerir por via oral ou anal. Só que esse produto ao ser ingerido pode causar náusea, vômito, diarreia, desidratação e queda da pressão sanguínea. E com o tempo ele é capaz de de corroer os órgãos internos.
Até há relatos e imagens, nas redes sociais, de pessoas que estão expelindo pedaços da mucosa intestinal depois de usar o MMS por muito tempo. Só que os charlatões que vendem ou propagam a venda do MMS afirma que esses pedaços do intestino expelidos são, na verdade, os vermes causadores do autismo. Há, também, inúmeras páginas e grupos dedicados a usar o MMS, inclusive em bebês.
Por outro lado, há muitos ativistas sérios e comprometidos com a causa que procuraram a deputada Sâmia para intervir junto à ANVISA. Dentre eles, está a Andréa Werner, jornalista, ativista e mãe de um menino autista. “Pais de crianças que acabaram de receber o diagnóstico de autismo são presas fáceis pra charlatões. E há muitos enriquecendo com base no desespero dos pais, na pouca informação, e da frouxidão na fiscalização”, afirma relata Andréa, que faz campanha no Twitter contra os perigos do MMS.
É preciso acabar e banir a comercialização desse produto. Muitas famílias com pessoas autistas já sofrem muito com o preconceito e a desinformação e não podem ficar à mercê de charlatões. É urgente que o Estado brasileiro tome providências.