TRE mantém cassação de prefeito de São Caetano, Auricchio, e seu vice, Vidoski: vitória para a população de São Caetano
Tribunal mantém decisão da Justiça eleitoral, que cassou a chapa Auricchio/Vidoski por fraude eleitoral nas eleições de 2016.
11 dez 2019, 23:36 Tempo de leitura: 2 minutos, 22 segundosO Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo manteve, por 6 votos a zero, a decisão da Justiça eleitoral de São Caetano do Sul, cidade situada no ABC Paulista, de manter a cassação de José Auricchio Júnior (PSDB), prefeito da cidade, e seu vice, Beto Vidoski (PSDB).
Ambos foram cassados porque foram denunciados, pela Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo, em 2018, por captação irregular de recursos eleitorais. Segundo a denúncia, os tucanos receberam altas quantias de dinheiro de pessoas, que, de acordo com as investigações, não teriam renda compatível com as doações.
Auricchio e Vidoski vêm tentando reverter a decisão (e é provável que tentem recorrer), mas perderam mais uma vez. “A decisão do TRE é importante porque faz com que ele não possa ser candidato no ano que vem, ele já teve diversas acusações de ilegalidades em campanha, na prática não era nem pra ele ter conseguido se candidatar na última eleição e ele já tá em ritmo de campanha para se reeleger”, diz Bruna Biondi, membro do Conselho de Políticas Culturais de São Caetano do Sul.
Para Daniel Lima, do Movimento Contra a Taxa Do Lixo, “a decisão mostra que há uma perspectiva para os movimentos sociais da região fazerem uma luta popular de enfrentamento às oligarquias locais e grupos políticos da região e do Estado, que fazem política em benefício próprio e em detrimento do povo.”
Outras irregularidades
Lima destaca, inclusive, que a cassação é a ponta do iceberg de uma administração, no mínimo, conflituosa do prefeito Auricchio.
Para se ter uma ideia das irregularidades, o então tesoureiro da campanha de 2016, Rodrigo Toscano (denunciando pelo TRE por falsidade ideológica) foi “premiado” com o cargo máximo de superintendente do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental). “Essa empresa é muito rentável, mas mesmo assim, a primeira decisão dele foi aumentar a taxa do lixo na cidade, sob argumento de fazer justiça social”, afirma Lima.
Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas mostram que a taxa sofreu aumento médio entre 23% e 272% em alguns imóveis. A população local não acreditou nessa lorota e se organizou. “Foi o maior movimento popular de São Caetano nos últimos tempos, talvez nas mesmas proporções do movimento dos autonomistas (1948), quando São Caetano se tornou independente de Santo André.”
Um dos frutos desse movimento foi o recolhimento de 14 mil assinaturas para apresentar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular na Câmara Municipal para vetar a cobrança. Apesar de o projeto não ter sido aprovada, o movimento social da cidade mostrou que tem força para pressionar e lutar contra os desmandos do governo local.