OMS recebe denúncia sobre a gestão da pandemia da Covid-19 pelo governo brasileiro
Deputada Sâmia Bomfim destaca repetidas violações de direitos humanos
22 mar 2021, 18:28 Tempo de leitura: 3 minutos, 52 segundosSâmia Bomfim, Fernanda Melchionna, Vivi Reis e David Miranda, deputados federais pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), protocolaram nesta segunda-feira (22) uma denúncia na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Brasília. O documento relata a inoperância e descaso do governo federal na gestão da pandemia da Covid -19 no Brasil.
O Brasil atravessa o pior momento da pandemia da Covid-19, desde que foi deflagrada e a situação vexatória e de calamidade é reconhecida mundialmente. O país tem hoje a maior média móvel de mortes em todo o mundo, com a média móvel de mais de 2.000 pessoas mortas em decorrência do novo coronavírus.
“O direito a um atendimento humanitário está sendo negado aos brasileiros, declarou Sâmia. “Estamos buscando ajuda nos órgãos internacionais porque o Brasil não tem um governo que organize e se responsabilize pelo enfrentamento à pandemia. Vivemos um completo descontrole”, concluiu.
Todas e cada uma das medidas profiláticas contra a doença encontram-se sob ataque por parte das autoridades máximas do país, que deveriam aplicá-las, o que tem levado o país a um estado de descontrole da propagação da doença. O Brasil beira o colapso total e é uma verdadeira ameaça sanitária para o mundo.
Para os parlamentares, o perigo criado pelas ações de Bolsonaro transborda as fronteiras brasileiras, sendo ele o principal agente propulsor da conversão de nosso país num “laboratório de criação” de novas cepas do vírus – isto é, numa ameaça sanitária global.
Endereçada ao Presidente do Conselho Executivo da OMS (Dr. Harsh Vardhan), ao Vice-Presidente do Conselho Executivo da OMS (Dr. Ahmed Mohammed Al Saidi) e ao Diretor-Geral da OMS (Dr Tedros Adhanom Ghebreyesus), a denúncia apresenta um breve histórico da pandemia no Brasil e aponta para uma necessária cooperação internacional de gestão da crise sanitária que assola o país.
Sâmia disse que solicitaram, na denúncia, que a OMS expeça recomendações inequívocas direcionadas ao estado brasileiro, com o objetivo de que o Presidente da República, como Chefe de Estado e de Governo:
a) Deixe de difundir, por meios oficiais ou pessoais, informações falsas ou manipuladas que levem ao entendimento equivocado sobre a eficácia da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina ou quaisquer outros medicamentos cuja eficácia no tratamento contra a COVID-19 não tenha sido comprovado;
b) Deixe de difundir, por meios oficiais ou pessoais, informações falsas ou manipuladas que levem ao entendimento equivocado sobre a eficácia do uso de máscaras de proteção e do isolamento social no combate à propagação descontrolada da COVID-19;
c) Execute uma campanha ampla de comunicação transparente sobre os riscos da COVID-19, sobre as medidas comprovadamente eficazes para sua prevenção, sobre a eficácia da vacinação e a importância de vacinar-se.
E destacam que dada a política externa isolacionista adotada pelo governo brasileiro, no que se refere à aquisição de vacinas e o risco de que a vacinação lenta, potencialize o desenvolvimento de cepas mais infecciosas, letais e resistentes no país, compreendemos ser fundamental que este Comitê Executivo proponha à Assembleia Mundial da Saúde que sejam adotadas resoluções para:
- Chamar a atenção do estado brasileiro, assim como da ONU e membros e de organizações internacionais para a gravidade do estágio atual da pandemia no Brasil, notadamente no que se refere ao surgimento de novas cepas do vírus, de manifestação mais infecciosa e letal;
- Chamar a atenção da comunidade internacional para a gestão equivocada do Presidente da República Jair Bolsonaro e de seu Ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, e para o risco que essa gestão representa hoje para a vida do povo brasileiro e para a comunidade internacional;
- Criação de um Comitê Internacional para monitoramento das ações do Governo brasileiro no enfrentamento à disseminação do novo coronavírus, conforme Recomendação a ser elaborada pela Organização Mundial da Saúde, especificamente desenvolvida para o cenário brasileiro, para gestão da crise sanitária;
- Estabelecer e manter ações de colaboração internacional no sentido de auxiliar o Brasil nos processos de negociação para a aquisição das doses de imunizantes necessárias para a vacinação em massa da população brasileira, em um ritmo que garanta a eficácia das vacinas em relação às novas cepas de vírus que têm se propagado rapidamente no país.