Julho das Pretas é tema de debate no “20 minutos com Sâmia”
A vereadora Luana Alves conduziu debate sobre a pauta
30 jul 2021, 09:00 Tempo de leitura: 3 minutos, 26 segundosEncerrando o mês de fortalecimento coletivo das mulheres negras nos mais diversos segmentos da sociedade, o mandato da deputada federal Sâmia Bomfim promoveu um debate sobre o “Julho das Pretas”. Como a parlamentar está de licença-maternidade, a cada episódio do Podcast teremos uma apresentadora diferente. No 13° programa, quem conduziu o bate-papo foi Luana Alves, vereadora pelo PSOL/SP.
O novo episódio do “20 minutos com Sâmia” começou com um “recadinho” da deputada federal do PSOL/SP. Sâmia informou aos ouvintes sobre o nascimento do filho, Hugo, e disse que irá se ausentar neste período de licença-maternidade.
Desde 1992, o dia 25 de julho é comemorado o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, quando mulheres negras de mais de 70 países se reuniram para falar de suas lutas no combate a opressão. No Brasil, fazemos uma homenagem à Tereza de Benguela, líder do Quilombo do Quariterê, em área que hoje pertence ao Estado do Mato Grosso. Neste mês, vários movimentos que se reúnem para pensar a política das mulheres negras.
Em São Paulo, tradicionalmente, existe uma marcha das mulheres negras, no dia 25 de julho, mas pelo segundo ano consecutivo, não aconteceu a marcha presencial, por conta da pandemia da Covid-19 no Brasil.
As convidadas do 13º episódio são: Letícia Chagas, presidente do Centro Acadêmico 11 de agosto da faculdade de Direito da USP e AnesKa Souza, presidente do PSOL em Taubaté.
Luana Alves destacou a importância de falar sobre a mulher negra no contexto da pandemia, porque em diversos momentos de crise, principalmente na crise econômica, as mulheres pretas são as mais atingidas. “As mulheres pretas estão em postos de trabalhos mais precarizados (empregada doméstica, profissionais autônomas, ambulantes) e são responsáveis pelo cuidado doméstico (de crianças, idosos, enfermos). Sabemos que 58% do desemprego durante a pandemia é de pessoas pretas”, alerta.
Aneska Souza explica a situação dizendo que a pandemia nos mostra diariamente como funciona a sociedade, na prática. Ela diz lembrou que a primeira vítima da Covid no Brasil foi uma mulher negra, empregada doméstica, que precisou continuar trabalhando para não perder o emprego. A presidente do PSOL também falou sobre a situação de violência que diversas mulheres estão passando neste período. “O ciclo da violência tem acontecido de forma mais rápida e assustadora nesses últimos meses”.
O mandato da vereadora Luana Alves faz um trabalho específico voltado para a pauta das mulheres negras. Recentemente a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou a Salva de Prata (homenagem às organizações sociais pelos serviços prestados ao município), homenagem ao grupo afro Ilú Obá de Min, associação de incentivo à educação, cultura e arte negra e feminina em São Paulo, fundada em 2004, PDL de sua autoria. Luana deu destaque a outro Projeto de Lei, também de sua autoria: São Paulo Solo Preto e Indígena, que trata de memória e justiça na cidade.
Letícia Chagas, presidente do CA de Direito da USP, representante da primeira geração de cotistas étnico-raciais, ressaltou que a “democracia” na Universidade de São Paulo sempre foi branca e masculina e que até que a primeira turma de cotistas entrasse, muitos homens brancos e lideranças brancas passaram por aquele espaço. A estudante entrou na USP em 2018, após 191 anos de existência do curso de direito.
“Forças contrárias a luta por igualdade de direitos tentam manter as coisas como estão ou estavam e isso torna tudo mais difícil quando pensamos, por exemplo, o feminismo do ponto de vista das mulheres negras na universidade”, disse Letícia. “Me tornar uma liderança negra na universidade faz parte da ascensão das mulheres negras no mundo,” enfatizou.
Para Luana é essencial este mês em que as pautas das mulheres negras são colocadas como prioridade em diversos campos. “Estarmos juntas no fortalece e fortalece nossas lutas”, compartilhou a vereadora.