Sancionada a lei Mari Ferrer, de coautoria da deputada Sâmia Bomfim

A lei vai proteger mulheres vítimas de violência sexual contra ofensas em juízo e é uma resposta importante ao caso que simboliza o machismo institucional no Brasil

23 nov 2021, 10:12 Tempo de leitura: 2 minutos, 0 segundos
Sancionada a lei Mari Ferrer, de coautoria da deputada Sâmia Bomfim

O dia 22 de novembro marcará uma data especial para a luta das mulheres no Brasil. Foi sancionada, nesta segunda-feira, a Lei Mari Ferrer, de coautoria da deputada federal Sâmia Bomfim.

Em outubro, o Senado Federal havia aprovado, que visa proteger as vítimas de violência durante julgamento e obriga o juiz a zelar pela integridade da mulher em audiências de crimes contra a dignidade sexual. O PL já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados no dia 18 de março deste ano.

Em novembro de 2020, o Brasil ficou perplexo com a divulgação de imagens de uma audiência de instrução e julgamento realizada no processo que apura crime de estupro praticado contra a blogueira Mariana Ferrer.
O vídeo, amplamente difundido nos meios de comunicação, mostra que a vítima sofreu violência psicológica durante o ato processual. Enquanto juiz e promotor se omitiam, o advogado de defesa do réu ofendeu diversas vezes a honra da vítima, tentando desqualificá-la, apresentando fatos e provas alheias aos autos.


“Quando vi aquelas imagens pela primeira vez confesso que chorei junto com a Mariana. Ela pedia que fosse tratada com o mínimo de respeito pelos agentes do Estado e não foi, sequer, ouvida”, desabafou Sâmia, coautora do projeto de lei.

As imagens da audiência levaram o Conselho Nacional de Justiça a instaurar procedimento para investigar a conduta do magistrado e a Ordem dos Advogados do Brasil oficiou o advogado do réu para prestar esclarecimentos, com vistas a abertura de possível processo administrativo disciplinar, para apuração de falta ética.

“Acompanhamos uma cena de horror no julgamento da Mariana Ferrer e essa é uma resposta importante ao caso que simboliza o machismo institucional”, disse Sâmia.

Na justificativa do Projeto de Lei, apresentado pela deputada Lídice da Mata e assinado pela Bancada Feminina na Câmara Federal, as deputadas explicam que circunstâncias como essa fazem a sociedade refletir se o Poder Judiciário está de fato preparado para cuidar dessas mulheres vítimas de violência sexual.
Sâmia lembra que o ciclo de violências contra mulheres não pode se perpetuar num espaço que deveria protegê-las. “O Estado não pode ser agente de revitimização de uma mulher que sofreu alguma forma de abuso. Devemos denunciar, coibir e combater”, disse a parlamentar.