Meia-entrada para mulheres no futebol: PL quer “inclusão plena” e abre debate sobre violência nas arenas
Projeto levado ao Congresso pela deputada Sâmia Bomfim visa ampliar a presença feminina no futebol; especialistas citam a necessidade da criação de espaço seguro.
12 mar 2023, 19:10 Tempo de leitura: 2 minutos, 4 segundosTexto originalmente publicado pelo Estadão, em 09/03/2023
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) levou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 168/2023, que assegura às mulheres o direito ao pagamento de meia-entrada em jogos de futebol em todo território nacional. Em caso de aprovação, o benefício será concedido em até 50% da carga total dos ingressos. Para a parlamentar, o PL visa a “inclusão plena” das mulheres no universo futebolístico. O tema também levanta o debate sobre a pacificação das arenas.
Sâmia, de 33 anos, é uma das vozes ativas do feminismo na política brasileira. Ao Estadão, ela explicou que foi procurada por Analu Tomé, conselheira do Corinthians e co-fundadora do movimento Toda Poderosa Corinthiana, para pensar em propostas que estimulem a participação feminina no futebol, seja nas arquibancadas ou no jogo em si (árbitras, treinadoras e jogadoras). No projeto levado ao Congresso, ela cita o Decreto-Lei Nº 3.199/1941, que por quatro décadas proibiu as mulheres de praticar a modalidade, como determinante para a inibição da presença feminina nas arenas ao longo dos anos.
“Essa política misógina refletiu não apenas no assédio e na discriminação de gênero, mas também na falta de profissionalização, na oferta de baixos salários e nas condições precárias que afetam desde as esportistas até as jornalistas que cobrem futebol. Avançamos na visibilidade das trabalhadoras do segmento, especialmente com a Supercopa Feminina, mas ainda falta muito para promover a plena inclusão das mulheres no futebol”, afirmou.
A deputada argumenta ainda que a medida pode impactar positivamente na arrecadação dos clubes com bilheteria e a comercialização de produtos oficiais. Sâmia também ressalta a situação das mães solo subempregadas ou submetidas à desigualdade salarial. Segundo ela, essas mulheres dificilmente têm a oportunidade de irem a uma partida do time de coração, e o incentivo da meia-entrada tem a função de aumentar essa possibilidade.
“O benefício movimenta toda a cadeia de consumo que envolve o futebol, isso já foi comprovado em ações muito bem sucedidas que alguns clubes promovem, por exemplo, nas comemorações do 8 de Março (Dia Internacional da Mulher)”, afirma. No documento, é citado uma ação do Governo de Sergipe, que anunciou para este mês de março a disponibilidade de meia-entrada para todas as mulheres nos jogos.