Faculdade de Medicina da USP promove homenagem aos médicos vítimas da tragédia no Rio
Com participação de Gil, “Ato pela paz” recebeu Daniel Proença, o único sobrevivente, além dos familiares de Marcos Corsato, Perseu Almeida e Diego Bomfim, mortos em outubro
4 dez 2023, 23:32 Tempo de leitura: 3 minutos, 21 segundosCom informações do Jornal da USP e da CNN
Um evento realizado no Teatro da Faculdade de Medicina (FM) da USP, na última sexta (1º), homenageou os médicos e familiares atingidos pelo crime brutal ocorrido em 5 de outubro, no Rio de Janeiro. Durante o “Ato pela Paz”, a presença do médico Daniel Proença, único sobrevivente do atentado, buscou levar uma mensagem de esperança e resiliência aos 240 convidados presentes. Também foi declarado oficialmente o dia 5 de outubro como a data simbólica do Repúdio e Combate à Violência.
Reunindo personalidades dos pilares de ensino, pesquisa e assistência médica do sistema do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP – além de colaboradores, médicos, professores, pesquisadores, familiares e amigos que acompanharam de forma on-line – o ato contou com a participação Gilberto Gil, que cantou um de seus maiores sucessos: “A Paz”.
“Os profissionais da saúde são aqueles que vão receber as pessoas atingidas (pela violência). Nesse caso, nós que somos a linha de frente é que fomos atingidos. Não se pode banalizar a violência. Temos que nos posicionar”, declarou a diretora da FM, Eloisa Bonfá. Já o professor Tarcísio de Barros, presidente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), enfatizou em seu discurso a necessidade de reconciliação, respeito à vida e aos direitos humanos.
“Em meu nome, e em nome do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP, eu falo também em nome do doutor Olavo Pires de Carvalho, chefe do Departamento que trabalhava com o falecido doutor Corsatto, e em nome do Conselho Nacional de Ortopedia e Traumatologia, adicionamos em nosso calendário 5 de outubro como a data oficial da luta contra a violência, da luta pela paz”.
Violências sequenciais
Ao final do evento, em entrevista à CNN, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que chegou a ficar quase dois meses em licença médica por conta do luto, voltou a falar em negligência por parte do Rio de Janeiro e criticou a forma como o governo do estado conduziu o caso. Irmã de Diego Bomfim, a parlamentar disse que soube do crime pela imprensa e teve dificuldade de conseguir informações junto às autoridades.
“O inquérito não foi concluído. É pública a linha de investigação adotada, mas a gente identifica muitas negligências, muitas falhas, principalmente por conta do estado do Rio de Janeiro. Como as famílias foram comunicadas, pela imprensa. Não foi feito comunicado direto pela polícia ou hospital. O sumiço das coisas do meu irmão ou mesmo dificuldade de acesso ao inquérito, que só foi conseguido mediante pedido na Justiça. São violências sequenciais”, desabafou Sâmia.
Apesar do sofrimento, a irmã do ortopedista se disse agradecida pela homenagem: “Acho que o ato de hoje é de acolhimento para nossa família, a gente se sentiu muito protegido, mas também um recado para a sociedade para a gente poder enfrentar o crime organizado e as milícias, que fazem muitas as vítimas”.
Além de Diego, estavam no quiosque Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida, que também não resistiram ao ataque criminosos. Daniel Proença foi o único sobrevivente do grupo.
O grupo estava no Rio para participar de um congresso. À noite, atravessaram a rua do hotel em que estavam hospedados para uma confraternização, foi quando a barbárie aconteceu. Homens armados desceram de um veículo e atiraram contra os profissionais de saúde. Segundo a Polícia Civil, um dos ortopedistas foi confundido com o filho de um miliciano, por isso, o grupo teria sido morto por engano.
O “Ato pela Paz” foi transmitido ao vivo, veja o evento na íntegra: