Amelinha Teles lança “Contos da Cela Três”, livro lúdico em que narra memórias da prisão na ditadura
Com orelha assinada pela deputada Sâmia Bomfim, a obra aborda de forma leve e irônica temas complexos como o autoritarismo e a repressão militar
17 ago 2024, 20:34 Tempo de leitura: 2 minutos, 21 segundos“Contos da Cela Três: Memórias de uma presa política na ditadura” é o título do mais novo livro de Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, uma das mais notórias sobreviventes da tortura praticada nos chamados “anos de chumbo” do regime militar. O lançamento ocorreu no último dia 10, na sede da União de Mulheres de São Paulo, e contou com a presença da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que assina a orelha da obra.
O livro traz a Lagartixa Linguaruda de Nascimento, uma amiga imaginária criada por Amelinha durante o período em que esteve encarcerada na sede do antigo Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo (DEOPS-SP), local onde hoje funciona o Memorial da Resistência. Grudada na parede e se esgueirando pelas frestas, a personagem ajudou a autora a preservar a lucidez e o amor pela vida diante da tamanha violência que sofria sob a tutela do Estado. A obra aborda, de maneira acessível e com certo tom de ironia, temas complexos como o autoritarismo, a repressão e a relação entre pais e filhos presos.
Com ilustrações de Marta Baião e prefácio da jornalista Luiza Villaméa, o livro busca tratar dos traumas da ditadura sem perder a leveza, mesclando histórias pessoais de resistência com doses de humor. Em sua contribuição, Sâmia enfatizou o poder do relato de Amelinha, que, mesmo em meio à tortura e à violência, conseguiu trazer uma narrativa que mescla ludicidade e poesia. “Nos 60 anos de aniversário do golpe empresarial militar, seu livro nos sensibiliza para a necessidade das lutas do presente”, escreveu a deputada.
Amelinha Teles é uma importante ativista de direitos humanos no Brasil e uma das principais figuras da resistência à ditadura militar (1964-1985). Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) durante o regime, foi presa e torturada em 1972, junto com seu marido e filhos. Após a redemocratização, Amelinha fundou o grupo União de Mulheres de São Paulo e seguiu atuando na luta pela verdade, memória e justiça às vítimas. Sua trajetória é marcada pela defesa incansável das liberdades democráticas e pela promoção da igualdade de gênero.
Durante o lançamento, Amelinha fez questão de agradecer a presença de Sâmia e reforçar o motivo de seu convite para que a deputada escrevesse a orelha da obra. “Além de ser uma pessoa muito querida e combativa, ela nos representa. Sempre fico feliz e orgulhosa quando vejo a Sâmia falando”, discursou a autora.
O livro “Contos da Cela Três: Memórias de uma presa política na ditadura” está à venda no site da Ema Livros.
Foto: Levi Munhoz/ASCOM-Sâmia Bomfim