Conluio de Lira com a extrema-direita resulta em processo que ameaça cassar mandato de Glauber
Durante sessão do Conselho de Ética, Sâmia revela que Lira cortou sua escolta em retaliação ao companheiro
13 set 2024, 21:34 Tempo de leitura: 3 minutos, 22 segundosCom informações da Revista Fórum e PSOL na Câmara
Nesta quarta (11), o Conselho de Ética retomou o trâmite do processo movido pelo Partido Novo, pedindo a cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O motivo alegado foi a reação de Glauber, em abril deste ano, contra um elemento do MBL, candidato a vereador, que invadiu as dependências do Congresso para fazer provocações ao parlamentar e proferir injúrias sobre sua mãe, falecida em maio, enquanto ela enfrentava um avançado quadro de Alzheimer. Na avaliação do mandato, por trás dessa cortina de fumaça, a verdade é que se trata de uma articulação direta de Arthur Lira (PP-AL) para tirar Glauber da Câmara.
Foram dez votos a favor da continuidade do processo e dois votos contrários. Agora, Glauber apresentará testemunhas e também a defesa que tem direito. “Arthur Lira tá jogando pesado. Recebi com indignação o resultado, mas não com surpresa. Até ameaçado de afastamento cautelar por um deputado eu fui. Não vão me chantagear. O relator já me julgou e condenou antes de qualquer processo. As falas dele mostram isso. Estou entrando com uma ação de suspeição contra ele. Se alguém tem que ser cassado é o senhor Arthur Lira. Não vou recuar!”, afirmou o deputado.
Retaliação e crueldade
Durante a sessão que julgava o pedido de cassação contra Glauber, Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pediu a fala e revelou que o presidente da Câmara mandou suspender sua escolta policial como forma de retaliação a seu companheiro. Sâmia e Glauber são casados e têm um filho.
A deputada tinha escolta do Departamento de Polícia Legislativa (Depol) desde que seu irmão, Diego Ralf Bomfim, e mais dois amigos – Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida – foram assassinados em outubro de 2023, num quiosque na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Os médicos estavam hospedados na região onde participavam de um congresso internacional de ortopedia, quando um grupo de uma facção os confundiu fisicamente com milicianos e cometeu as execuções.
O crime chocou o Brasil. Apesar da hipótese de motivação política ter sido descartada, o casal de parlamentares do PSOL, que já recebia ameaças constantemente, viu o volume de mensagens de ódio se intensificar de forma oportunista, pegando carona na barbárie.
“O presidente da Câmara, sem me avisar, sem avisar ninguém, simplesmente cortou a escolta à qual eu tinha direito depois que aconteceu a tragédia com a minha família, que todo mundo sabe. De uma hora para outra, ele cortou a escolta. Ninguém entendeu, eu não entendi”, contou Sâmia, que completou: “[Depois] eu fui descobrir que é porque naquele mesmo dia havia acontecido um bate-boca dele com Glauber no plenário. A minha assessoria foi conversar com a Mesa Diretora para tentar entender por que isso tinha acontecido e até hoje eu não tenho nenhuma resposta”.
A deputada afirmou que Lira é capaz de atitudes crueis para atingir seus adversários. “Então, se vocês duvidam do que esse homem é capaz de fazer, saibam: sim, ele é capaz de ir até às últimas consequências mais crueis para penalizar aqueles que ele considera adversários. Mas eu vou dizer, me dá muito orgulho ser companheira de alguém que tem um sujeito com essa índole como o principal adversário”.
Glauber fica!
Na semana passada, foi lançado um manifesto de apoio ao mandato de Glauber Braga. O texto destaca que é a quinta vez que a extrema-direita pede a cassação de seu mandato, todas sem nenhum motivo ético ou moral. “A perseguição contra Glauber é política, mas estão usando a Comissão de Ética para sequestrar um mandato combativo”, diz um trecho.
Clique aqui e assine a petição em defesa do mandato de Glauber Braga
Foto: Leandro Rodrigues/ASCOM-Sâmia Bomfim