PSOL critica aprovação do PLP 175/2024 e alerta para falta de transparência no orçamento
Sâmia Bomfim e seus colegas de bancada denunciaram retrocessos na regulamentação de emendas e apresentaram um pacote de propostas para corrigir deficiências do projeto
6 nov 2024, 22:20 Tempo de leitura: 2 minutos, 59 segundosA Câmara dos Deputados aprovou na última terça (5) o PLP 175/2024, que regula a proposição e execução de emendas parlamentares na Lei Orçamentária Anual (LOA). Apesar de trazer avanços pontuais em termos de organização das emendas, o texto foi amplamente criticado pela bancada do PSOL, que votou contra e classificou o projeto como “insuficiente” para atender às determinações de transparência e rastreabilidade impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o fim do chamado “Orçamento Secreto”.
De acordo com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a proposta mantém práticas problemáticas que desrespeitam a Constituição e perpetuam um modelo de gestão opaco. “Fomos nós, do PSOL, que denunciamos o esquema do orçamento secreto ao STF, e conseguimos impor um primeiro freio ao sequestro do dinheiro público. No entanto, o PLP 175/2024 não avança no cumprimento dessas determinações. Ele apenas repagina o velho modelo de falta de transparência e favorecimento político”, afirmou a parlamentar em discurso no plenário.
Críticas ao projeto
O PLP 175/2024 surgiu em resposta a uma série de decisões do STF que barraram a execução de emendas parlamentares consideradas inconstitucionais, como as RP9 (orçamento secreto), RP2 e as chamadas “emendas PIX”. O projeto, articulado entre Executivo e Legislativo, busca regularizar a destinação de verbas parlamentares, mas, segundo o PSOL, falha em garantir mecanismos mínimos de controle e fiscalização.
Entre os principais problemas apontados pelo partido estão:
- Falta de transparência: a ausência de registros detalhados sobre a autoria das emendas de comissão e as destinações finais das verbas;
- Concentração de poder: o controle sobre os recursos segue concentrado nas mãos de líderes partidários e presidentes de comissões, sem critérios claros de divisão;
- Montante elevado de verbas: os valores destinados às emendas parlamentares crescem desproporcionalmente, enquanto áreas essenciais como saúde e educação seguem subfinanciadas.
“O projeto perpetua uma lógica de chantagens e negociações de bastidores, em que bilhões de reais são alocados sem qualquer garantia de rastreabilidade ou retorno para a população”, denunciou Sâmia.
Pacote de emendas do PSOL
Para tentar corrigir as deficiências do PLP, o PSOL apresentou um pacote de cinco emendas que buscavam:
- Identificação dos autores das emendas: obrigar o registro do nome dos parlamentares responsáveis por cada emenda de comissão;
- Critérios de divisão das verbas: estabelecer um cálculo proporcional para o montante destinado às comissões permanentes, baseado no número de integrantes e nas prioridades governamentais;
- Redução de verbas de comissão: limitar o valor das emendas de comissão a 30% do proposto no projeto, ajustado apenas pela inflação nos anos seguintes;
- Ajuste às recomendações do TCU: alinhar o projeto às normas de controle e transparência do Tribunal de Contas da União;
- Plano de trabalho obrigatório: exigir a apresentação de planos de aplicação das verbas no momento da indicação.
Apesar das propostas, nenhuma das emendas foi incorporada ao texto final. Durante o debate, Sâmia alertou para os riscos de manutenção das práticas atuais. “Bilhões de reais estão sendo manipulados sem nenhuma transparência. Esse dinheiro deveria estar garantindo direitos sociais e investimentos estruturais, mas é usado para perpetuar esquemas de poder e influenciar resultados eleitorais”, afirmou. A matéria agora segue para apreciação no Senado.
Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados