No STF, Sâmia acompanha julgamento que tornou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe

Única parlamentar de esquerda presente na sessão, deputada do PSOL-SP foi autora de um pedido a Alexandre de Moraes para que decretasse a prisão preventiva do ex-presidente

27 mar 2025, 21:37 Tempo de leitura: 3 minutos, 52 segundos
No STF, Sâmia acompanha julgamento que tornou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acompanhou de perto o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou réu Jair Bolsonaro e outros sete acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, na última terça (25). Única parlamentar de esquerda presente na sessão, Sâmia destacou a importância do momento histórico e cobrou a punição dos envolvidos, incluindo militares de alta patente. Em novembro do ano passado, ela havia encaminhado um pedido à Corte para que a prisão preventiva do ex-presidente fosse decretada.

“Se, no passado, um golpe de Estado prosperou, perseguiu, assassinou e torturou muita gente, agora tentaram e foram derrotados. E também vão receber a devida punição. Pela primeira vez na história do nosso país, militares de alta patente estão sendo responsabilizados”, afirmou a deputada. A sessão contou ainda com a presença de familiares de vítimas da ditadura militar, como Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime, e Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel e filha da estilista Zuzu Angel, também mortos pela repressão.

Durante o julgamento, Bolsonaro permaneceu em silêncio e demonstrou nervosismo, recusando um copo d’água oferecido e aceitando apenas uma garrafa lacrada. Ao UOL, Sâmia, relatou que o comportamento do ex-presidente foi “irônico para quem é acusado de ter como plano justamente envenenar os outros”. A deputada fez referência aos indícios de que o plano do golpe envolvia assassinar o presidente Lula, seu vice Alckmin e o próprio ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Mais tarde, no plenário da Câmara, Sâmia alertou a população: “Os bolsonaristas querem que você acredite que o 8 de janeiro foi protagonizado por um grupo de senhoras indefesas, que traziam bíblias debaixo do braço e, de repente, resolveram quebrar os vidros do Congresso e do Supremo. Ninguém acredita nessa versão! Já disseram que eram petistas infiltrados, que era armação da esquerda, agora querem aprovar um Projeto de Anistia para livrar a cara do Bolsonaro e sua tropa golpista”.

Ela também ressaltou, no discurso, o caráter histórico do julgamento, comparando a tentativa recente com o golpe militar de 1964 e destacando que, desta vez, os responsáveis serão punidos. “Diziam que [entre os golpistas de 2023] não tinha nem estilingue, nem bolinha de gude [como armas]. Mas tinha um conluio com o chefe das Forças Armadas, da Marinha, da Aeronáutica e o financiamento do agronegócio. Felizmente, o Brasil não autorizou que passassem por cima da democracia e, agora, eles estão sendo punidos”, afirmou.

“Patético, ridículo e fujão”

Esses foram os adjetivos que Sâmia Bomfim usou para classificar o também deputado Eduardo Bolsonaro, que decidiu se afastar do cargo para ficar nos Estados Unidos. Ao assumir uma vaga na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara, na quarta (26), a deputada fez duras críticas ao factoide de que o filho do ex-presidente estaria se auto exilando por perseguição.

“Nada mais patético do que alguém que vai para o exterior articular contra o Brasil, tendo a oportunidade de ser o presidente desta nobre comissão, mas que optou por deixar o pai aqui sozinho respondendo pra Justiça. Ninguém vai apagar que 26 de março de 2025 foi o dia em que o senhor Jair Bolsonaro, Braga Netto e companhia se tornaram réus e, em breve, serão presos pelo golpismo que tentaram contra a democracia do povo brasileiro. O Eduardo é se seguirá sendo só um patético, ridículo, fujão, que inventa mentiras e que logo mais vai ser preso também”

– Sâmia

Bolsonaro na cadeia

Em novembro de 2024, a deputada Sâmia chegou a enviar um ofício ao ministro Moraes, solicitando a prisão preventiva de Jair Bolsonaro. Segundo ela, as investigações da Operação Contragolpe, conduzidas pela Polícia Federal (PF), deram indícios suficientes de que o ex-presidente tinha conhecimento do plano criminoso contra o nosso Estado Democrático de Direito.

O documento, endossado por outros parlamentares do PSOL, listava provas das tratativas golpistas e pedia medidas urgentes contra Bolsonaro. “O que está em jogo é a estabilidade do Brasil. Bolsonaro tentou dar um golpe e continuará atuando contra a democracia se não for contido”, justificou a deputada na época.

Foto: Giovanny Ferreira/ASCOM-Sâmia Bomfim