Cassação de Glauber Braga não pode ser motivada por indisposição pessoal, diz Sâmia Bomfim
A deputada federal e esposa do parlamentar fala, em entrevista ao Viva Voz da CBN, sobre a influência de Arthur Lira e as negociações em torno do caso.
17 abr 2025, 21:06 Tempo de leitura: 2 minutos, 17 segundos
Matéria publicada pela rádio CBN
Em entrevista ao Viva Voz com Vera Magalhães, da rádio CBN, Carolina Morand e Débora Freitas, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), falou sobre os avanços das negociações em torno do processo contra ele no Conselho de Ética.
Glauber está em greve de fome há sete dias no Congresso, em protesto contra o relatório que pede a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. O caso ocorreu em 2024, quando ele expulsou e agrediu um manifestante do MBL que insultou sua mãe.
Sâmia Bomfim destacou que Arthur Lira, desafeto declarado de Glauber, é uma barreira no processo por conta de influência sobre bancadas e líderes. Segundo apuração de Lauro Jardim, o ex-presidente da Câmara atua pela cassação do deputado do PSOL.
A parlamentar explicou que o conflito começou após a ação do PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o orçamento secreto, que resultou em um inquérito aberto a partir de uma fala de Glauber, com Lira entre os possíveis investigados.
“Sem dúvida, o Glauber é um desafeto político de Arthur Lira. O próprio ex-presidente da Câmara nunca negou, disse isso publicamente no Plenário, numa discussão entre os dois. Chegou a ameaçar retirá-lo do Plenário. Acho que isso se intensificou após a ação do PSOL no STF contra o Orçamento Secreto, que resultou num inquérito da PF, com Lira entre os possíveis investigados. Esse inquérito foi aberto com base num depoimento do Glauber na Tribuna, denunciando o Orçamento Secreto. O conflito entre os dois se aprofundou. É inegável que, mesmo ex-presidente, Lira ainda tem grande influência sobre bancadas e líderes. Ainda assim, temos esperança de construir uma saída política e evitar que a cassação seja motivada por uma indisposição pessoal, o que seria desproporcional e injusto.”
Além disso, ela declarou que esperança por um desfecho favorável baseado no apelo da proporcionalidade, uma vez que nenhum outro parlamentar teve mandato cassado em casos envolvendo agressão.
“Nós temos esperança na possibilidade de um desfecho favorável (…) Mas, o apelo é principalmente interno na Câmara, diante da desproporção, que significaria um feito inédito de caçar o mandato por opinião ou por comportamento. Todas as cassações até hoje se deram por envolvimento em corrupção ou assassinato. Nenhum dos casos que envolvam briga ou agressão resultaram em nenhum tipo de punição. Então, é no apelo da proporcionalidade.”
Foto: Leandro Rodrigues/ASCOM-Sâmia Bomfim