Comissão aprova projeto de Sâmia e Erundina que suspende salários de militares que cometeram violência contra mulheres na Ditadura

Deputadas do PSOL celebram avanço histórico na CMulher em semana marcada pela condenação de Bolsonaro no STF

12 set 2025, 14:39 Tempo de leitura: 2 minutos, 23 segundos
Comissão aprova projeto de Sâmia e Erundina que suspende salários de militares que cometeram violência contra mulheres na Ditadura

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMulher) aprovou, nesta quarta (10), o Projeto de Lei 795/2025, de autoria das deputadas Sâmia Bomfim e Luiza Erundina, ambas do PSOL-SP. A proposta determina a suspensão da remuneração e dos proventos de militares condenados por crimes de violência contra mulheres praticados durante a Ditadura Militar. O parecer favorável foi relatado pela deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) e lido pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).

Na justificação do projeto, Sâmia e Erundina destacam que a medida busca “garantir a moralidade administrativa e fazer justiça histórica, honrando a memória das vítimas e evitando gastos de recursos públicos para remunerar pessoas que cometeram graves violações de direitos humanos”. Após a aprovação, Sâmia ressaltou a importância simbólica do momento:

“Nós estamos falando de uma reparação histórica para que o nosso passado tão doloroso, sobretudo para as mulheres, não se repita. A gente precisa de memória, de verdade e de justiça. Isso passa também pela responsabilização dos nossos algozes, dos militares que cometeram tortura, violência física, violência sexual, desaparecimentos e assassinatos de homens e mulheres que lutaram pela democracia no Brasil.”

A votação ocorreu na véspera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Para Sâmia, a aprovação reforça o simbolismo do projeto: “Numa semana tão importante de um julgamento histórico, essa é uma conquista a ser celebrada pelas mulheres e por todos aqueles que lutam e defendem as liberdades democráticas. Ditadura nunca mais!”.

A parlamentar dedicou o avanço a mulheres que resistiram à repressão, como Amelinha Teles, Denise Peres Crispim, Eleonora Menicucci e a ex-presidenta Dilma Rousseff.

O voto da relatora

Em seu parecer, a deputada Célia Xakriabá ressaltou que “a história do Brasil mostra que os corpos das mulheres foram territórios de violação” e que, na Ditadura Militar, a violência sexual foi usada de forma institucional pelo Estado. A relatora citou o relatório da Comissão Nacional da Verdade, que documentou estupros, trabalhos forçados, violência no parto e separação de mães de seus filhos.

O parecer também destacou as violações contra mulheres indígenas, sistematicamente silenciadas nos registros oficiais. “A aprovação do PL 795 significa suspender a remuneração de militares condenados por tais crimes. Mas significa também que a democracia não pode financiar a barbárie; que o dinheiro público não pode sustentar aqueles que fizeram da farda um instrumento de terror contra mulheres”, escreveu Xakriabá.

Foto: Divulgação/ASCOM-Sâmia Bomfim