Sâmia pede que Lewandowski acione a PF após receber ameaça por apoio a palestinos
E-mail direcionado à deputada e a outras autoridades afirma que "inimigos do sionismo devem morrer"
23 fev 2024, 17:52 Tempo de leitura: 2 minutos, 7 segundosTexto original publicado pela coluna Mônica Bergamo/Folha
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou o Ministério da Justiça e pediu ao chefe da pasta, Ricardo Lewandowski, que mobilize a Polícia Federal (PF) para investigar uma ameaça direcionada a ela por seu apoio ao povo palestino. A parlamentar relata ter recebido na quarta (21) um e-mail que fala em exterminar aqueles que vivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza e diz que a parlamentar e outras autoridades estão “com os dias contados” por apoiá-los. Sob o título “os inimigos do sionismo devem morrer e você é um deles”, o texto sugere que os “traidores se preparem”.
O detrator ainda diz que supostos locais “com alta concentração” de muçulmanos em São Paulo e no Rio de Janeiro devem ser evitados, “pois em breve faremos uma nova nakba”. A palavra, que significa catástrofe ou desastre em árabe, faz referência à diáspora forçada de palestinos no fim da década de 1940.
“Palestinos estão pra Israel assim como negros, índios e nordestinos estão pro sul do Brasil: são subhumanos [sic], raça inferior e insetos que devem ser eliminados”, afirma a mensagem. “Vamos erradicar a presença dos insetos palestinos, muçulmanos e cristãos de Gaza e de Judeia e Samaria e faremos a Grande Israel. Ninguém vai nos impedir”, segue.
O texto também exalta o apoio a Israel dado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por parlamentares como a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) e diz que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, deveria ajudar a derrubar Lula (PT) do poder.
No ofício enviado a Lewandowski, Sâmia afirma que a mensagem apresenta teor xenofóbico e criminoso em relação aos palestinos e diz que a ameaça possivelmente está ligada a grupos e fóruns anônimos de ódio da deep web. “Como se sabe, muitos grupos criminosos se organizam de maneira descentralizada e utilizam-se de artifícios digitais que dificultam o rastreamento e a origem das mensagens, sendo comum o uso de servidores localizados em outros países para obstaculizar as investigações conduzidas por autoridades brasileiras”, diz a deputada ao ministro.
“Não obstante o oferecimento da devida notícia-crime à Polícia Federal, serve o presente [ofício] para solicitar vossa atenção para a tomada de providências deste ministério junto a órgãos e autoridades nacionais e de outros países”, finaliza a parlamentar.