“Inconstitucional”, diz Sâmia sobre detenção de Glauber após protesto no UERJ
Deputado foi liberado ao lado dos estudantes: "lutando pelo direito de ficar na universidade e sendo tratados com bomba"
21 set 2024, 13:31 Tempo de leitura: 3 minutos, 5 segundosCom informações do UOL e do Congresso em Foco
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) classificou como “inconstitucional” a detenção do também parlamentar Glauber Braga (PSOL-RJ), que foi levado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro à delegacia após apoiar um protesto de estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Durante o UOL News desta sexta (20), Sâmia disse que já acionou o STF e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que contatou as autoridades do estado sobre o caso.
“A prisão de um parlamentar nessas condições é inconstitucional. O parlamentar só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável, que de longe não tem nada a ver com o que o Glauber estava fazendo na UERJ. […] Os estudantes estavam lutando pelo direito à alimentação e moradia, a ter acesso a materiais didáticos. Mas a polícia foi acionada para prendê-los”, disse Sâmia.
A PMERJ entrou nas instalações da universidade após decisão judicial determinar a desocupação do prédio, tomado por alunos há um mês. A mudança de regras de concessão de bolsas e auxílios estudantis retirariam mais de mil alunos dos benefícios. Antes disso, outra ocupação foi realizada pelos manifestantes em 29 de julho pelo mesmo motivo.
Para a deputada, o episódio não influencia na situação do deputado no Conselho de Ética da Câmara. Glauber tem um processo em aberto por expulsar um integrante do MBL, candidato a vereador, que foi ao Congresso com a missão de provocar o parlamentar do PSOL e produzir vídeos para as redes.
“Não acredito que atrapalhe ou interfira no processo de cassação, mas endossa que há uma perseguição contra a atuação do Glauber e uma insatisfação da extrema-direita com o direito de termos um parlamentar que é combativo e defende movimentos sociais”, defendeu a deputada.
Liberação
Glauber Braga foi liberado ainda na noite de sexta. Ao deixar a detenção, Glauber e o grupo de estudantes fizeram uma live em que contestaram a prisão. “Eu quero agradecer essa moçada, são milhares de estudantes que se mobilizaram e vêm se mobilizando em defesa da UERJ. Hoje é um dia lamentável do ponto de vista do que foi feito. Estudantes lutando pelo direito de ficar na universidade e sendo tratados com bomba”, afirmou.
O PSOL prometeu que irá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), “tendo em vista a violação da imunidade parlamentar do deputado Glauber Braga”; o Superior Tribunal de Justiça (STJ), “tendo em vista os desmandos do governador Cláudio Castro”; e o Ministério da Educação, “cobrando medidas enérgicas para que não se repitam os episódios de truculência vistos na data de hoje”. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), procurou o governador Cláudio Castro (PL) após a prisão, para pedir que as “prerrogativas” do deputado fossem respeitadas.
#OCUPAREITORIA
Os estudantes da universidade estão há 56 dias ocupando a reitoria e demais edifícios da UERJ. A ocupação é um protesto contra as mudanças nas regras para concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil.
A Justiça deu um prazo o prazo para os universitários desocuparem a universidade, que se encerrou na quinta (19). Após decisão da juíza Luciana Lopes, da 13ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), foi permitido o uso de força policial para retirar os manifestantes para fora da universidade.
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados