Parlamentares do PSOL encaminham denúncia ao MP sobre racismo em jogos universitários

Representação assinada por Sâmia Bomfim, Letícia Chagas e Luana Alves pede apuração de crime cometido por torcida da PUC-SP contra estudantes da USP

19 nov 2024, 20:44 Tempo de leitura: 1 minuto, 56 segundos
Parlamentares do PSOL encaminham denúncia ao MP sobre racismo em jogos universitários

A deputada federal Sâmia Bomfim, a codeputada estadual Letícia Chagas e a vereadora Luana Alves – todas do PSOL-SP – protocolaram uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para apurar um caso de racismo ocorrido durante os Jogos Jurídicos, evento esportivo anual das faculdades de direito, realizados no último final de semana em Americana (SP). O episódio ganhou repercussão após a divulgação de vídeos em que estudantes da PUC-SP dirigem ofensas a alunos da USP, chamando-os de “cotistas” e “pobres”, durante uma partida de handebol entre as equipes atléticas das universidades

“Racismo é crime, e essa sensação de impunidade não pode existir”, afirmou Sâmia Bomfim. A deputada destacou que as manifestações preconceituosas transcendem a rivalidade esportiva, reforçando hierarquias raciais e socioeconômicas que precisam ser combatidas com rigor. Além da denúncia ao MP-SP, as parlamentares solicitaram a abertura de um inquérito policial e a aplicação das sanções cabíveis aos envolvidos, incluindo medidas criminais. No documento, elas reforçam que o caso não deve ser tratado em sigilo, dada a relevância social e jurídica do tema.

Em nota, a PUC-SP classificou o ocorrido como “inadmissível”, reafirmando que manifestações discriminatórias são vedadas pelo regimento interno e anunciando a abertura de processos administrativos contra os responsáveis. Já a Faculdade de Direito da USP também condenou o episódio, destacando que as falas racistas e aporofóbicas – ódio contra pobres – são incompatíveis com os valores democráticos e humanistas da instituição.

O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os estudantes da USP, expressou “espanto, indignação e revolta” com o caso, afirmando que ele reflete a violência enfrentada pelos cotistas ao ocuparem espaços historicamente negados. O homônimo Centro Acadêmico 22 de Agosto, da PUC-SP, pediu a expulsão dos alunos envolvidos.

Ao longo da semana os estudantes Tatiane Joseph Khoury, Arthur Martins Henry, Matheus Antiquera Leitzke e Marina Lessi de Moraes, identificados nos vídeos que viralizaram, foram demitidos de seus estágios no escritório Pinheiro Neto, no escritório Castro Barros Advogados, no Tortoro, Madureira e Ragazzi, e no Machado Meyer Advogados, respectivamente.

Foto: Reprodução/Web