Sâmia cobra retomada das obras do Memorial dos Aflitos, paralisadas pela Prefeitura de SP

Deputada esteve no local em visita técnica e denunciou o abandono da Prefeitura em um dos mais importantes projetos de preservação da memória negra de São Paulo

13 fev 2025, 19:56 Tempo de leitura: 2 minutos, 36 segundos
Sâmia cobra retomada das obras do Memorial dos Aflitos, paralisadas pela Prefeitura de SP

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) participou, na última terça (11), de uma visita técnica ao espaço onde deveria estar sendo construído o Memorial dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo. A atividade ocorreu a convite da Associação Museu dos Aflitos e no âmbito da visita do Comitê Gestor do Cais do Valongo aos territórios da Liberdade e da Baixada do Glicério. Também estiveram presentes representantes da UNESCO, do Ministério da Cultura e da Fundação Cultural Palmares.

Durante a visita, Sâmia denunciou o abandono do projeto pela Prefeitura de São Paulo, que, mesmo após dois anos da desapropriação da área, não deu continuidade às obras e deixou o local sob risco de novas invasões e danos estruturais. “Estivemos, mais uma vez, visitando o Memorial dos Aflitos, ou o espaço que deveria ser construído o Memorial. Mas, infelizmente, a Prefeitura de São Paulo segue inerte e o projeto que já deveria estar em fase final de execução ainda não tem definição nenhuma do que realmente vai acontecer”, criticou.

O Memorial dos Aflitos é uma reivindicação histórica de movimentos sociais e acadêmicos para preservar a memória do Cemitério dos Aflitos, o primeiro cemitério público de São Paulo, onde eram enterrados negros escravizados, indígenas, indigentes e condenados à morte na forca. O espaço deveria compor um complexo de preservação da história negra ao lado da Capela dos Aflitos e do Museu dos Aflitos.

A Capela dos Aflitos, construída em 1775 e tombada pelos órgãos de preservação do patrimônio histórico, completa 250 anos em 2025 e encontra-se em estado avançado de degradação. “O terreno ao lado da igreja, hoje um dos únicos sítios arqueológicos desta história tão importante, recentemente quase foi soterrado por mais um shopping, mas segue aguardando que a Prefeitura dê andamento no projeto do Memorial iniciado há mais de dois anos”, apontou Sâmia.

Em 2023, a área do sítio arqueológico foi alvo de movimentações irregulares que resultaram no desabamento de uma parede de um prédio vizinho dentro da área de escavações. Na época, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) chegou a notificar a Prefeitura e a Subprefeitura da Sé, alertando sobre a necessidade de fiscalização no local, e não descartou acionar a Polícia Federal para garantir a preservação do patrimônio.

Diante do cenário de abandono, Sâmia cobrou providências imediatas da gestão municipal. “É urgente que a Prefeitura de São Paulo dê seguimento aos processos do edital iniciado em 2022 para que esse importante espaço de memória, não só da cidade de São Paulo, mas de todo o Brasil, realize as obras emergenciais e avance para as demais etapas do projeto como um todo. A memória dos povos que ergueram a cidade de São Paulo precisa ser restabelecida”, afirmou.

Foto: Camila Mai/ASCOM-Sâmia Bomfim