Sâmia Bomfim e Roselaine Soares questionam nomeação do futuro hospital regional de Barueri como “Rota dos Bandeirantes”
Para historiadores, o termo "bandeirante" refere-se aos integrantes das bandeiras, expedições de portugueses que resultavam em múltiplos ganhos: conhecimento geográfico, escravização de indígenas, estabelecimento de povoações e pontos de apoio a futuras expedições, localização de minas de ouro e prata, terras para agricultura, entre outros.
25 out 2021, 16:49 Tempo de leitura: 2 minutos, 21 segundosNo dia 25 de outubro de 2021, o mandato da deputada federal Sâmia Bomfim e a servidora pública municipal, Roselaine Soares, protocolaram junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo a indicação de uma recomendação à Prefeitura de Barueri para que o órgão não faça referência a figuras ou fatos históricos que violem os direitos humanos.
No mês de outubro de 2020, a Prefeitura de Barueri, em parceria ao Governo do Estado de São Paulo, iniciou a construção de um hospital regional, cuja intenção, segundo a própria Prefeitura, é o “atendimento em Oncologia com Quimioterapia e Radioterapia, Cardiologia, Ortopedia, Neurologia/Neurocirurgia e Cirurgia Bariátrica na alta e média complexidade”.
Causou estranheza que o nome escolhido, sem qualquer tipo de consulta pública, tenha sido “Rota dos Bandeirantes”. Apesar de não se localizar nenhum decreto ou lei, seja municipal ou estadual, concedendo esse nome ao Hospital, ele já está assim sendo tratado com naturalidade em notícias públicas. (clique aqui para ler mais sobre o tema)
O termo bandeirante em si foi explicado pelo Professor e historiador da UNESP e professor do Museu Paulista da USP, Paulo Henrique Martinez, que expressou: “o termo bandeirante se refere aos integrantes das bandeiras, expedições de portugueses e colonos ao interior do continente sul-americano que resultavam em múltiplos ganhos: conhecimento geográfico, escravização de indígenas, estabelecimento de povoações e pontos de apoio a futuras expedições, localização de minas de ouro e prata, terras para agricultura, entre outros.”
No documento, Sâmia Bomfim destacou que a nomeação do hospital regional configura um desrespeito à história da região, aos direitos humanos e à sociedade como um todo, pelo que necessária à propositura da presente representação. “A origem da palavra já representa, por si só, o intuito primário de escravização dos povos originários do Brasil”, disse a parlamentar.
A atitude adotada pelos responsáveis pela escolha do nome do Hospital, caminha em direção contrária ao que está se buscando no legislativo municipal, estadual e federal, causando um verdadeiro retrocesso na luta pela busca de uma sociedade que discuta o bandeirantismo e a escravidão, e não uma sociedade que os elevem a um patamar de benevolência irreal, nunca existente.
As responsáveis pelo questionamento pedem que o Ministério Público faça uma recomendação à Prefeitura de Barueri/SP para que se abstenha de nomear o Hospital como “ROTA DOS BANDEIRANTES”, bem como se abstenha de nomeá-lo em referência a qualquer pessoa ou fato histórico que viole os direitos humanos, os princípios que sujeitam a administração pública e os direitos que fundam a República, nos termos da Constituição Federal.