Sâmia Bomfim recorre ao STF para barrar tramitação da PEC da Anistia, aprovada na CCJ
Ministro Luís Roberto Barroso foi sorteado como relator do mandado de segurança protocolado pela deputada do PSOL.
16 maio 2023, 18:41 Tempo de leitura: 2 minutos, 6 segundosA deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender, em caráter liminar, a tramitação da PEC 9/2023, que livra partidos de punições por irregularidades na prestação de contas e por descumprirem as cotas do Fundo Eleitoral destinadas às candidaturas de mulheres, pessoas negras e indígenas. A chamada “PEC da Anistia” foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara na última terça (16), por 45 votos contra 10.
Logo após a votação, a parlamentar ingressou no STF com um mandado de segurança, apontando que a proposta fere a cláusula pétrea da Constituição que impede mudanças em direitos e garantias individuais, entre eles, o da “isonomia política de gênero e racial, em sua dimensão material e como direito ao reconhecimento”, afirma Sâmia na ação. Diz um trecho do documento: “ao pretender anistiar os partidos que desrespeitaram essas imposições de igualdade política definidas, a PEC nº 9, de 2023, frustra essa confiança legítima em mulheres e pessoas negras nos atos estatais editados com o propósito republicano e democrático de inseri-los na arena política”.
Em sua fala na CCJ, Sâmia reforçou que a PEC “institui uma anistia genérica” e “ultraja cabalmente” o poder de uma emenda. “Estamos premiando a desobediência dos partidos políticos em efetivar as medidas de inclusão de mulheres e de pessoas negras na política, o que representa um verdadeiro retrocesso em uma matéria que ainda avança em doses homeopáticas”.
O texto aprovado pela maioria dos deputados ainda permite que as legendas voltem a receber dinheiro empresarial “para quitar dívidas com fornecedores contraídas ou assumidas até agosto de 2015”, ano em que o STF baniu o financiamento de empresas às legendas e candidatos.
Nas mãos do Barroso
Na quarta (17), o ministro Luís Roberto Barroso foi sorteado como o relator do pedido de suspensão da PEC apresentado por Sâmia. O magistrado, em seu perfil histórico, se posiciona como favorável aos mecanismos de transparência na política e à garantia de mais diversidade, inclusão e representatividade nos espaços.
Após a definição do relator, em menos de 24 horas, Barroso despachou sobre a ação da deputada, determinando que a Mesa Diretora da Câmara, encabeçada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), preste informações a respeito da PEC 9 no prazo de até dez dias.