Na última sexta-feira (29/09), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal realizou uma audiência pública para discutir o projeto de revitalização do Largo do Arouche, principalmente no que tange a proposta de Boulevard Francês do prefeito João Doria. Afinal, o que está em jogo no centro de São Paulo?

Na verdade, ao anunciar tal projeto, Doria sinaliza para alguns setores do mercado qual agenda política de sua gestão. Uma vez que no lugar de abrir o diálogo com a comunidade da região a fim de entender quais os problemas reais do território, o prefeito optou por se reunir com o Consulado Francês, o Carrefour e o escritório de arquitetura que planejou a Prefeitura de Paris.

Frente a isso, é impossível que a prefeitura esteja de fato pensando no bem-estar daqueles que já habitam a região. Evidentemente que a tal "revitalização do Centro" tem por trás o comprometimento de Doria com aqueles que se beneficiam pela escpeculação imobiliária. Logo, o que se pretende é instaurar nestas regiões um processo de gentrificação: enobrecendo a área e expulsando moradores, movimentos sociais, comerciantes, e etc, que não se enquadram economicamente na "nova" forma de organização urbana.

Ainda temos poucas informações sobre o projeto, por isso a convocação de uma audiência que contemplasse o diálogo com a comunidade do Arouche e também a necessidade de esclarecimentos por parte da Prefeitura. Infelizmente, o poder público não compareceu ao evento.

O nosso mandato tem uma grande disposição em conversar com os comerciantes, que há anos mantém seus estabelecimentos na região, com a comunidade LGBT, para que o Arouche siga sendo um espaço de resistência em São Paulo, e com todos os moradores.

Alguns dos encaminhamentos da audiência foram:

• Convite para o poder público estar presente na Comissão de Direitos Humanos com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre o significado dessa proposta de revitalização do Arouche;

• Envio de requerimento de informação sobre detalhes do projeto, para a secretaria responsável;

• Projeto de lei que dispõe sobre a instauração de Faixas da Diversidade no largo do Arouche;

• Projeto de lei que admite o Arouche como "Patrimônio Cultural e Território LGBT", dessa forma, reconhecendo o espaço como território de expressão cultura, política e social da comunidade LGBT.