Sâmia Bomfim

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Hospital Universitário da USP sob ameaça

(Por Samia Bomfim. Artigo originalmente publicado em sua coluna no Midia Ninja, dia 28/11/2017)

(Por Samia Bomfim. Artigo originalmente publicado em sua coluna no Midia Ninja, dia 28/11/2017)

Marco Antonio Zago assumiu, em 2014, a reitoria da Universidade de São Paulo após seu antecessor, João Grandino Rodas, enfrentar uma forte greve estudantil com ocupação do prédio da reitoria por mais de 40 dias.

Naquele momento, a reivindicação consistia em “Diretas para reitor” e mais “democracia na universidade”. Ainda assim, como sempre acontece na USP, Zago foi escolhido para ocupar o cargo de reitor pelo governo do estado São Paulo, que há mais de 20 anos está sob controle do PSDB.

Não demorou muito para que Zago mostrasse a que veio. O início de sua gestão é marcado pelo discurso enfático sobre uma crise no orçamento da Universidade. Assim, contrariando a opinião da comunidade acadêmica, anunciou o congelamento das contratações de funcionários aliado a um Plano de Incentivo à Demissão Voluntária – o que, na prática, levou à pedidos de demissão em massa, sobrecarga e precarização das condições de trabalho para os servidores que permaneceram.

Outra providência frente à “crise” foi a ameaça de desvinculação do Hospital Universitário, um modelo transformador de hospital-escola que existe há anos na USP, conciliando o ensino dos estudantes – por meio de estágios, residências e outros projetos – com o atendimento de qualidade em diversas áreas de atuação de profissionais da saúde.

Acabar com o vínculo que o Hospital Universitário (HU) tem com a Universidade significa também comprometer esse modelo, inviabilizando tanto o ensino dos estudantes da saúde, como também a qualidade do atendimento, levando em conta que esse é um dos poucos hospitais públicos da Zona Oeste de São Paulo, sendo assim, supre a demanda de milhares de munícipes da região.

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Na época, eu era diretora de base do Sindicato de Trabalhadores da USP (SINTUSP) pela Escola Politécnica, e tive o prazer de participar da maior greve que a universidade já teve: foram mais de 100 dias que renderam uma série de vitórias, dentre elas, o impedimento do projeto de desvinculação do Hospital à Universidade.

Infelizmente, Zago seguiu com sua intransigência na gestão da universidade: reduziu a prioridade de gastos com o hospital, sendo que cerca de 12% do quadro efetivo de profissionais se perdeu.

O HU, talvez, viva hoje o momento mais difícil de sua existência. Na última terça-feira (21), o pronto-socorro da pediatria foi fechado e, no dia seguinte, devido a falta de médicos, foi anunciado que o pronto-socorro para adultos também será fechado. Diante desse cenário, estudantes de cursos da saúde entraram em greve e moradores do Butantã, no entorno da universidade, têm se organizado em mutirões no sentido de mobilizar a população para reverter essas medidas.

Nosso mandato vê com preocupação essa situação. A demanda por aparelhos de saúde na região é alta, e muitos deles possuem gestão terceirizada para a iniciativa privada, principalmente os serviços de baixa e média complexidade. Com a municipalização do hospital, a rede municipal terá um hospital a mais para manter, sendo que o orçamento de São Paulo para a saúde em 2018 será ainda menor que do último ano. Ou seja, teremos um bolo menor para repartir em mais fatias.

Estamos do lado da luta dos moradores e estudantes para reverter essa situação, afinal, assim como demonstrou a greve de 2014, apenas a organização coletiva é capaz de mudar a realidade.

Conheça a deputada
Sâmia Bomfim

Sâmia Bomfim tem 30 anos, foi vereadora de São Paulo e, atualmente, é deputada federal pelo PSOL. Elegeu-se com 250 mil votos, sendo a mais votada do partido e a oitava mais votada de todo o estado de São Paulo. Seu mandato jovem, feminista e antifascista levanta bandeiras que a maioria dos políticos não tem coragem de levantar. Ela é linha de frente no enfrentamento do conservadorismo e na oposição aos desmandos do governo Bolsonaro, defendendo sempre a maioria do povo.

Nossas bandeiras
na Câmara Federal

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  • Defender as vidas, os empregos e os direitos das brasileiras e dos brasileiros diante da pandemia de Covid-19.

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