Sâmia Bomfim

  • USP

Um muro de vidro entre a USP e a Marginal?

Sob o pretexto de aumentar a integração do município com a Cidade Universitária, a prefeitura de João Doria em parceria com a reitoria da USP já iniciou as obras de instalação do muro de vidro que separa a Marginal Pinheiros da Raia Olímpica da universidade. Esta reforma, que custará mais de dez milhões de reais, será “bancada pela iniciativa privada”, segundo a prefeitura. Entretanto, sabemos bem os jogos de interesse que costumam estar por trás das “parcerias” de Doria com seus amigos empresários…

Sob o pretexto de aumentar a integração do município com a Cidade Universitária, a prefeitura de João Doria em parceria com a reitoria da USP já iniciou as obras de instalação do muro de vidro que separa a Marginal Pinheiros da Raia Olímpica da universidade. Esta reforma, que custará mais de dez milhões de reais, será “bancada pela iniciativa privada”, segundo a prefeitura. Entretanto, sabemos bem os jogos de interesse que costumam estar por trás das “parcerias” de Doria com seus amigos empresários…

Sobram motivos para questionar a iniciativa da prefeitura e, ainda mais, sua prioridade frente a outras ações urgentes na cidade. Primeiramente, questiono: tal medida representará a abertura da universidade à sociedade? A demolição dos muros da USP é uma demanda histórica dos movimentos que atuam na universidade. Dessa forma, a verdadeira integração com a sociedade se dará ao passo em que a política de cotas, uma vitória do movimento negro no último ano, se consolide como forma de acesso, bem como a discussão sobre permanência estudantil for mais responsável e que vise acabar com as evasões por problemas financeiros. Além disso, a abertura da USP só será possível quando se pautar de maneira consequente a partir do momento que sua produção científica se ater ao interesse público e não ao privado, quando existir um calendário e espaço para atividades permanentes e os direitos dos trabalhadores da universidade não sejam, ano após ano, brutalmente atacados (sem contar a lógica de precarização do trabalho por meio das terceirizações!). No entanto, a troca do muro de concreto por painéis de vidro não resolve estas demandas. É uma questão simplesmente estética e que pesa apenas o efeito visual: no limite, renderá ótimos cartões postais de São Paulo.

Muito também tem se falado sobre o impacto ambiental do muro de vidro. A principal preocupação tange às aves existentes na região, haja vista que ficam suscetíveis a colidirem com o vidro e morrerem.

A cidade de São Paulo tem urgências que não passam pela escolha entre concreto ou vidro do muro da principal Universidade do município. Os mais de dez milhões de reais poderiam muito bem serem alocados em áreas fundamentais do equipamento público, como por exemplo na construção de creches e hospitais ou na garantia de uniforme e material escolar para a rede municipal. Evidentemente, tais demandas não fazem parte da lista de prioridades da gestão Doria.

Conheça a deputada
Sâmia Bomfim

Sâmia Bomfim tem 30 anos, foi vereadora de São Paulo e, atualmente, é deputada federal pelo PSOL. Elegeu-se com 250 mil votos, sendo a mais votada do partido e a oitava mais votada de todo o estado de São Paulo. Seu mandato jovem, feminista e antifascista levanta bandeiras que a maioria dos políticos não tem coragem de levantar. Ela é linha de frente no enfrentamento do conservadorismo e na oposição aos desmandos do governo Bolsonaro, defendendo sempre a maioria do povo.

Nossas bandeiras
na Câmara Federal

  • Lutar pelo impeachment de Bolsonaro.
  • Lutar para ampliar e garantir os direitos das mulheres.
  • Defender as vidas, os empregos e os direitos das brasileiras e dos brasileiros diante da pandemia de Covid-19.

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